16 de outubro de 2010

U2 em Coimbra

Apetece-me começar esta mensagem por dizer que se não existissem os U2 a minha vida seria bastante diferente daquilo que é hoje. A eles devo muita coisa. Sem dúvida que ser fã dos U2 é um estilo de vida e algo extremamente especial.

Vou começar por falar naquilo que me levou a Coimbra, os dois concertos que os U2 lá realizaram.

Começando pelo primeiro concerto, o de dia 2, sábado, eu tinha bilhete para a relva e o meu propósito era ir cedo para o estádio e ficar lá mesmo à frente. Sendo assim, levantei-me bem cedo, tomei banho e fiz a higiene normal, e fui tomar o pequeno-almoço às 7h30, que era a hora em que o começavam a servir no hotel onde estava hospedado. Cheguei à sala dos pequenos-almoços antes das 7h30, esperei um pouco, e à hora prevista lá abriram as portas para se poder começar a tomar a primeira refeição do dia. Tomei um excelente pequeno-almoço em poucos minutos. Saí do hotel e, tal como combinado, fui ter com o Paulo Ramos ao hotel onde ele estava hospedado, e que ficava perto do meu. Cheguei ao hotel dele antes das 8h e esperei um pouco até que ele chegasse à recepção. Saímos então em direcção à praça de táxis, para apanharmos um que nos levou ao Estádio Cidade de Coimbra. Àquela hora não havia qualquer trânsito e assim foi em poucos minutos que nos metemos no estádio, onde chegámos às 8h da manhã. Procurámos a fila para onde devíamos de ir, e que tinha algumas pessoas que por lá tinham dormido, e quando chegámos demos o nosso nome, recebendo em troca um número, no meu caso foi o 266. Na fila já estavam algumas pessoas conhecidas, nomeadamente o Tiago, guitarrista dos THE FLY, e as nossas “fãs” do Porto, que tinham por lá dormido. Mas a generalidade das pessoas minhas conhecidas, nomeadamente aquelas com quem eu e o Paulo tinha-mos combinado encontrar, ainda não tinham chegado e foram aparecendo depois aos poucos, reunindo-se um grupo muito interessante, que assim passou em conjunto as longas horas até à abertura das portas.




Com o aproximar da abertura das portas, a ansiedade vai aumentando. Antes da hora marcada, abriram as portas do perímetro à volta do estádio. Apetece-me nesta altura sublinhar que a organização das filas deixou muito a desejar, as listas foram completamente postas de parte ainda de manhã, a única coisa que funcionou da melhor forma foi o facto de terem aberto a nossa entrada, do tal perímetro, antes de todas as outras, o que foi da maior justiça já que ali estavam as pessoas que tinham dormido no estádio e as que lá tinham chegado de manhã bem cedo. Giro foi que algumas pessoas que estavam na nossa fila, sabendo que as outras entradas do perímetro tinham menos gente, deslocaram-se para elas, mas depois lixaram-se já que acabaram por entrar bem mais tarde. Para além da nossa entrada ter aberto antes de todas as outras, a mesma tinha várias filas, abrindo primeiro a da esquerda, depois a imediatamente a seguir, e por aí fora. Como eu estava logo na segunda fila, a contar da esquerda, acabei por ser dos primeiros a entrar.

Depois de passada a primeira porta, foi um correr que nem uns doidos até à porta 4A, que era a nossa porta de acesso ao relvado. Nesta, mais uma pequena espera. Até que a certa altura, abrem as portas do estádio e foi, mais uma vez, um correr que nem uns doidos para conseguir o melhor lugar. Comigo à frente, e o resto da malta atrás de mim, lá conseguimos entrar na elipse e ficar mesmo junto ao palco, ao centro, mesmo à frente da posição base do Bono em palco. Era um excelente lugar, o melhor que tinha conseguido até agora na 360º Tour, no primeiro concerto de Barcelona do ano passado fiquei relativamente perto deste sítio, mas desta vez fiquei mesmo ao meio/centro.




Nesta altura, apetece-me contar que até há alguns anos atrás, aconteceu-me bastantes vezes, em vários concertos dos U2 e de outras bandas/músicos, eu chegar de manhã cedo ao estádio e ser o primeiro a lá chegar, e depois o primeiro a entrar no estádio, conseguindo ficar na primeira fila, encostado à grade, mesmo ao centro. Mas, desde que há alguns anos atrás se tornou moda as pessoas irem dormir para os estádios, por volta de 2005, tornou-se impossível conseguir tais proezas. Continuo a ir de manhã bem cedo para os concertos, de há alguns anos para cá só mesmo dos U2, mas quando chego aos sítios já lá estão as pessoas que por lá dormem, algumas já há alguns dias. Assim, acabo por não ser o primeiro a entrar e a não conseguir ficar na primeira fila mesmo ao centro. No concerto do passado dia 2, quase voltei a conseguir ficar nesse lugar, até porque quando começou a tocar a Space Oddity do David Bowie, música que serve de Intro aos concertos deste ano da 360º Tour, a euforia em mim foi tal que ainda furei algumas filas e conseguir ficar praticamente na primeira fila, quase encostado à grade, e sempre ao centro, em linha com o Bono, quando este está na sua posição base. Acabando por ficar à frente, e num melhor lugar, de pessoas que tinham dormido no estádio.



Tal como em Paris, também nos dois concertos de Coimbra foram os Interpol a fazerem a primeira parte. Dos 3 concertos, a vez que mais gostei de os ver foi na primeira noite de Coimbra. Os Interpol têm sem dúvida músicas de grande qualidade e um som que não deixa de ser interessante, notam-se aliás algumas influências dos The Cure. O problema é que a banda é algo parada e apática em palco, tendo pouco energia e dinâmica. Destaque para o guitarrista que tem uma forma interessante, com uns movimentos algo cómicos, de estar em cima do palco. Apetece-me agora dizer que os Snow Patrol são superiores, a todos os níveis, aos Interpol.

A seguir aos Interpol, vem aquele momento de enorme ansiedade. Mal termina a primeira parte, começam de imediato os preparativos para a entrada dos U2 em palco. Muita gente e uma enorme correria marcam este intervalo entre a primeira parte e o concerto dos U2. De início, muitas pessoas em palco, mas depois para o final acabam por ficar praticamente só os roadies de cada um dos membros da banda.

Depois de algum tempo de espera, em que podemos ouvir do PA músicas escolhidas pelos membros dos U2, e que são sem dúvida de grande qualidade, começa-se então a ouvir Space Oddity de David Bowie, que, como já disse, é a música que assinala que o espectáculo vai começar. Nesta altura, entrei de tal forma em euforia que, como disse atrás, ainda fui mais para a frente, ficando praticamente encostado à grade. Sempre ao centro, mesmo à frente do Bono. Porreiro, foi o facto de que quem ficou no centro, como eu, ficou um pouco mais alto do que o resto da malta, já que no chão estavam umas placas a proteger os cabos que iam do palco até à mixing desk. Desde o início que se percebeu de imediato que aquele iria ser um grande, grande, grande concerto. De imediato ficou demonstrado que estavam reunidas todas as condições para que essa noite fosse memorável, nomeadamente o público que esteve de facto em grande. Se há coisa em que os portugueses são bons é enquanto público de concertos. Sabemos receber bem os artistas e transformar os concertos em grandes momentos de magia e de festa. Com os U2 então isso é levado ao extremo, há uma enorme química entre o público português e a banda irlandesa. Bono entrou a matar, gritando Briosa, revelando, algo que já sabemos de há muito tempo, que os U2 têm o cuidado de estudar, ou alguém estuda por eles, os sítios onde tocam. O concerto foi memorável, dos 15 concertos que já vi dos U2, este está sem dúvida entre os melhores. A setlist foi igual à de Paris, com excepção de um snippet ou outro, mas a forma extremamente calorosa como o público português recebeu a banda, o público francês é um pouco mais frio, fez com que este concerto fosse superior ao da capital francesa. O concerto foi brutal do princípio ao fim, com o público sempre em grande. É complicado estar a destacar momentos ou músicas neste concerto, que foi do caraças do primeiro ao último segundo. Foi mesmo uma noite memorável. A Until é sempre dos meus momentos preferidos, tendo sido nesta noite ainda mais especial pelo facto do final, em que o Bono e o The Edge dão a mão, estando cada um numa ponte/passadeira diferente, ter ocorrido mesmo por cima de mim. A Still foi memorável, com o público em grande. North Star foi arrepiante, com o palco todo às escuras, Bono pediu para apagarem as luzes, e o estádio todo iluminado com as lanternas da Worten que tinham sido distribuídas. Get On Your Boots e Mercy foram novamente grandes. A Crazy, talvez o momento mais marcante desta Tour, é sempre memorável. A Streets é sempre o apogeu de qualquer concerto dos U2. A Moment of Surrender ao vivo é arrepiante. Foi sem dúvida memorável, um concerto inesquecível. Os concertos dos U2 são sempre brutais, magníficos, mas, por uma razão ou por outra, uns acabam por ser mais marcantes do que outros, e este está sem dúvida entre os mais marcantes. O concerto terminou e eu estava completamente doido e eufórico com o que tinha acabado de ver. Fui dos últimos a abandonar a elipse, basicamente não me queria vir embora. Lá fomos saindo, falando uns com os outros, todos estavam malucos com o que tinham acabado de ver. A opinião era unânime, tinha sido um concerto do caraças, uma grande noite, e o público português esteve, mais uma vez, em grande. Ainda encontrei mais algumas pessoas conhecidas, uns encontros, e por fim a Diana lá nos ofereceu boleia até ao hotel. Viagem que num dia normal demoraria poucos minutos, mas que neste caso demorou muitos mais já que a cidade estava completamente entupida, o trânsito estava mesmo um caos.

No segundo concerto, tinha bilhete para a melhor bancada, que era a Nascente Inferior, com lugares marcados. Mas mesmo assim, depois de um almoço no Mondego Irish Pub, rumei, juntamente com o Paulo Ramos, ao estádio, desta vez num dos autocarros especiais criados de propósito por causa dos concertos dos U2. Chegámos ao estádio e ainda deu para ouvir o soundcheck. Pouco depois de chegarmos ao estádio, encontrámos o Tiago, guitarrista dos THE FLY, com quem eu iria ver o concerto na bancada, juntamente com a Diana e a Vanessa. A certa altura despedimo-nos do Paulo, que ia para a relva. Depois de irmos até um café lanchar, fomos então para a fila para podermos entrar. Entrámos, dentro do estádio ainda não estava praticamente ninguém nas bancadas mas nós somos assim, e fomos de imediato até ao lugar onde iríamos ficar para podermos constatar como era o sítio de onde iríamos ver o concerto. A verdade é que constatámos de imediato que era um grande lugar, ao lado do Adam, com uma vista excepcional sobre o palco.



Este segundo concerto foi marcado pelo temporal que abalou Coimbra e a quase totalidade do país. Impressionante o dia excepcional que esteve em Coimbra no sábado, como também na sexta e depois na segunda, e no domingo o autêntico dia de inverno que esteve. Mas, os fãs dos U2 sabiam perfeitamente que isso não colocaria em causa o concerto dos U2, isto porque já tinha acontecido em concertos da Tour deste ano, nomeadamente em Moscovo e principalmente na segunda noite em Zurique, os U2 estarem a tocar debaixo de imensa chuva. Depois de ter-mos visto como eram os lugares e por lá termos ficado durante algum tempo, fomos, porque entretanto ia chovendo imenso, para o interior da bancada, onde encontrámos as nossas amigas que iriam ver connosco o concerto. Regressámos aos lugares, para pouco depois voltamos ao interior da bancada para comer e beber qualquer coisa. De seguida, regressámos aos lugares para de lá não sairmos mais. Ainda esperámos um bom bocado pela entrada em palco dos Interpol, para aquela que foi, pelo menos para mim, a pior actuação das 3 que vi deles. Uma setlist diferente e menos baseada nos grandes êxitos. Eu, como não sou fã dos Interpol, digamos que não conhecia muitas das músicas que eles interpretaram nesse dia. Depois da primeira parte, vem a pausa do costume, até que chega o grande momento... a entrada dos U2 em palco ao som do David Bowie. Se tivesse de dizer qual foi o meu concerto preferido, dos 3 que vi este ano, escolheria o primeiro de Coimbra, em que de facto foi tudo memorável. No segundo concerto na cidade dos estudantes, esteve tudo em grande outra vez, mas notava-se um certo cansaço na banda, principalmente no Bono, que na noite anterior tinha dado tudo e mais alguma coisa. Mas ao mesmo tempo, tudo isto digamos que torna o espectáculo mais humano. De facto, na parte inicial do concerto, o Bono passou ali por uma fase algo complicada, mas são este tipo de coisas que tornam as actuações dos U2 ainda mais especiais e interessantes. Durante a Get On Your Boots, o vocalista dos U2 começou a mandar vir ou com as munições ou então com o facto das passadeiras/pontes ainda não se terem começado a movimentar. Durante a Magnificent, Bono não cantou durante a maior parte da música, bebendo litros e litros de água. Ele estava mesmo com dificuldades em cantar e depois de perder a voz pela segunda vez, lá pediu uma bebida ao seu roadie, que na realidade ressuscitou por completo o homem. Toda esta situação é reveladora do espectáculo que é um concerto dos U2, em que de facto são 4 pessoas que estão em cima do palco e não 4 máquinas. São 4 seres humanos como nós que estão ali a actuar.




O segundo concerto foi então praticamente ao nível do primeiro. Destaque para New Year's Day, que foi tocada no lugar de I Will Follow. Eu gosto muito da música que abre o Boy, mas a música do War é das minhas preferidas da banda. Depois, tivemos a Ultraviolet em vez da Hold Me. Em vez da North Star e da Mercy tivemos a Pride e um dos grandes momentos da segunda noite que foi a estreia mundial de mais um inédito, e que se chama Boy Falls From The Sky, e que é sem dúvida uma grande canção. Esta estreia foi uma espécie de agradecimento pela forma excepcional como os portugueses receberam os U2. Para além das mudanças na setlist, houve várias outras alterações em relação ao concerto da noite anterior, por exemplo o Larry deu a volta ao contrário durante a Crazy, o Bono fez aquela história do efe-erre-à, etc., etc.. O que só prova que de facto vale a pena ver muitos concertos dos U2, não há dois concertos iguais. Foi giro que durante o concerto praticamente não choveu, começando a cair chuva no momento em que a banda estava a terminar o último tema da noite, Moment of Surrender, o que levou Bono a cantar Singing In The Rain e a sair do palco com um chapéu de chuva. O concerto acaba e mais uma vez sou dos últimos a sair do estádio. Já cá fora, fala-se um bocado, encontram-se mais umas pessoas conhecidas e, mais uma vez, lá aceitámos a boleia da Diana, que desta vez, por ter ido por outro caminho, se meteu no Hotel Astória num instante.

Depois destes 3 concertos, Paris, eles este ano só deram um concerto na capital francesa, e 2 em Coimbra, sinto um vazio enorme, digamos que até tenho passado uns dias um pouco complicados. Foram meses e meses a pensar nisto, ainda para mais os concertos deste ano praticamente não descolaram dos do ano passado, já que quando esses se realizaram, nessa altura já se sabia que os U2 eventualmente iriam regressar à Europa, nomeadamente a Portugal, no ano seguinte. E na verdade, os bilhetes para os concertos deste ano foram colocados à venda não muito tempo depois dos concertos que vi no ano passado. Agora estou a ressacar.

Com mais estes 3 concertos deste ano, são já 15 os concertos que vi dos U2, e 6 da actual Tour. Mas apesar de já ter visto os U2 por diversas vezes, a verdade é que existe em mim sempre uma enorme ansiedade em relação aos concertos da banda irlandesa, para além de os encarar de uma forma altamente profissional. Não bebo álcool nem nos dias dos concertos nem nos dias anteriores. Não faço noitadas nas noites anteriores aos concertos, gosto de não me deitar tarde na véspera para conseguir dormir umas horas. Depois, eu em qualquer altura compro sempre os jornais e as revistas todas onde venham os U2, mas vindo a banda a Portugal, digamos que são muitos os jornais e revistas que eu compro. Também tratei de comprar o DVD, que vinha com alguns jornais, chamado “U2 A Rock Crusade” e que teve uma edição especial a propósito da passagem da banda por Portugal. Trata-se de um daqueles DVDs biográficos que não trazem nada de novo, mas enfim… um gajo quer ter tudo. Como também tenho o cuidado de gravar, ou de pedir a alguém para o fazer, tudo o que dê na televisão relativo à vinda dos U2 a Portugal. Tudo isto cria alguma pressão e algum stress, mas tem de ser mesmo assim.

Juntamente com o texto, coloquei algumas das fotos que tirei nos dias dos concertos com o meu telemóvel. Como sabem, eu nem levo a máquina, nos concertos gosto de estar totalmente concentrado no espectáculo. Assim, as fotos que tiro durante os concertos dos U2, digamos que escolho um momento do espectáculo que talvez seja menos especial para mim, e tiro algumas fotos a correr, só mesmo para ficar com uma recordação do lugar onde fiquei. Em Paris e no primeiro concerto de Coimbra tirei as fotos na In A Little While, no segundo de Coimbra foi na Pride. Digamos que gasto poucos segundos para tirar as fotos durante o concerto.

Entretanto, já recebi a t-shirt alusiva ao concerto dos U2 em Paris, e estou à espera que coloquem a alusiva a Coimbra à venda na u2.com para a comprar também. Como também vou mandar vir o programa da Tour deste ano, e o calendário 2011.

Para mim, os U2 são e serão sempre os maiores!!!